quinta-feira, 26 de abril de 2012

Desinteresse dos jovens por carros preocupa montadora

A geração entre 18 e 24 anos está se importando mais com os outros e com o mundo em que vivem Um recente artigo do The New York Times, da jornalista Amy Chozick, é mais uma prova de que os jovens mudaram. A geração entre 18 e 24 anos está se importando mais com os outros e com o mundo em que vivem, superando antigos valores e necessidades de consumo que já não os convencem e, muito menos, os satisfazem. Uma dessas mudanças importantes está no modo com que os jovens se relacionam com a mobilidade. Há poucas décadas, o carro representava o ideal de liberdade para muitas gerações. Hoje, com ruas congestionadas, doenças respiratórias e falta de espaço para as pessoas nas cidades, os jovens se deram conta de que isso não tem nada a ver com ser livre, e passaram a valorizar meios de transporte mais limpos e acessíveis, como bicicleta, ônibus e trajetos a pé. Além do mais, “hoje Facebook, Twitter e mensagens de texto permitem que os adolescentes e jovens de 20 e poucos anos se conectem sem rodas. O preço alto da gasolina e as preocupações ambientais não ajudam em nada”, diz o artigo. Para entender esse movimento, o texto conta que a GM, uma das principais montadoras de automóvel do mundo, pediu ajuda à MTV Scratch, braço de pesquisa e relacionamento com jovens da emissora norte-americana. A ideia é desenvolver estratégias adaptadas à realidade dos carros e focadas no público jovem para reconquistar prestígio com o pessoal de 20 e poucos anos – público que tem poder de compra calculado em 170 bilhões de dólares, segundo a empresa de pesquisa de mercado comScore. Porém, a situação não parece ser reversível. “Em uma pesquisa realizada com 3 mil consumidores nascidos entre 1981 e 2000 – geração chamada de ‘millennials’ – a Scratch perguntou quais eram as suas 31 marcas preferidas. Nenhuma marca de carro ficou entre as top 10, ficando bem abaixo de empresas como Google e Nike”, diz o artigo. Além disso, 46% dos motoristas de 18 a 24 anos declararam que preferem acesso a Internet a ter um carro, segundo dados da agência Gartner, também citados no texto do NY Times. O que parece é que os interesses e as preocupações mudaram e as agência de publicidade estão correndo para entendê-los e moldá-los, mais uma vez. Só que, agora, com o poder da informação na ponta dos dedos e o movimento da mudança nos próprios pés fica bem mais difícil acreditar que a nossa liberdade dependa de uma caixa metálica que desagrega e polui a nossa cidade. Jovens brasileiros preferem transporte público de qualidade Essa tendência de não-valorização do carro já foi apontada também pelos nossos jovens aqui no Brasil. A pesquisa O Sonho Brasileiro, produzida pela agência de pesquisa Box1824, questionou milhares de ‘millenials’ sobre sua relação com o país e o que esperavam para o futuro. As respostas, que podem ser acessadas na íntegra no site, mostram entusiasmo e vontade de transformação, especialmente, frente aos desafios sociais e urbanos como falta de educação e integração. A problemática do transporte público se repete nos comentários dos internautas no site da pesquisa, que mantém o espaço virtual aberto para todos que quiserem deixar sua contribuição de desejo de mudança para o local em que vivem. A maioria das pessoas que opina enxerga o carro como um vilão que polui e tira espaço da cidade e acredita que a solução está em investimento em transporte público de qualidade. Esse é o desejo dos jovens brasileiros que também já mudaram e agora estão sonhando, mas de olhos bem abertos para cuidar do mundo em que vivem. Fonte: http://www.mobilize.org.br/noticias/1838/desinteresse-dos-jovens-por-carros-preocupa-montadora.html

terça-feira, 10 de abril de 2012



Conseguiu aprontar-se mas não teve tempo de guardar o material de maquiagem espalhado sobre a penteadeira. Olhou-se no espelho. Nem bonita, nem feia. Secretária. Sou uma secretária, pensou, procurando conscientizar-se. Não devo ser, no trabalho, nem bonita, nem feia. Devo me pintar, vestir-me bem, mas sem exagero. Beleza mesmo é pra fim-de-semana. Nem bonita, nem feia, disse consigo mesma. Concluiu que não havia tempo nem para o café. Cruzou a sala e o hall em disparada, na direção da porta de saída, ao mesmo tempo em que gritava para a mãe envolvida pelos vapores da cozinha, eu como alguma coisa lá mesmo. Sempre tal alguém com alguma bolachinha disponível. Café nunca falta. A mãe reclamou mais uma vez. Você acaba doente, Su. Assim não pode. Assim, não. Su, enlouquecida pela pressa, nada ouviu. Poucas vezes ouvia o que a mãe lhe dizia. Louca de pressa, ia sair, avançou a mão para a maçaneta da porta e assustou-se. A campainha tocou naquele exato momento. Quem haveria de ser àquela hora? A campainha era insistente. Algum dedo nervosos apertava-a sem tréguas. A campainha. Su acordou finalmente com o tilintar vibrante do despertar Westclox e se deu conta de que sequer havia se levantado. Raios. Tudo por fazer. Mesmo que acordasse em tempo, tinha sempre que correr, correr. Tinha tudo cronometrado, desde o levantar-se até o retoque do batom e o perfumezinho final. Exploit da Atkinsons. Perfume quente. Mais ou menos quente. Esqueceu onde havia deixado o relógio de pulso . Perambulou nervosamente pela casa procurando-o. Atrasou alguns preciosos minutos. A mãe achou-o sobre a mesinha do telefone. Su colocou-o no pulso. Viu as horas. Havia conseguido aprontar-se, mas não teve tempo de guardar o material de maquiagem espalhado sobre a penteadeira. Olhou-se no espelho. Nem bonita, nem feia, pensou duas vezes. Vou ficar bonita mesmo só no sábado. Não havia tempo nem para o café. Cruzou em disparada a sala e o hall, em direção à porta de saída, ao mesmo tempo em que gritava para a mãe, bolachinha disponível. Avançou a mão para a fechadura e assustou-se com o toque insistente da campainha. Algum dedo nervoso. O Westclox. Su acordou e deu-se conta mais uma vez da trágica e permanente verdade de que ainda não estava pronta(!) Levantou-se de um ímpeto. Correu ao banheiro, voltou do banheiro, vestiu-se com a roupa estrategicamente deixada sobre a cadeira na noite anterior. Ao sentar-se mais uma vez frente ao espelho, notou que, embora não tivesse ainda se pintado, o material de maquiagem já estava espalhado sobre a penteadeira. O batom aberto e usado, o Exploit desastradamente destampado, evaporando. O despertador tocou novamente. Ou tocou finalmente. E estava com toda corda, pois demorou a silenciar. Mesmo assim, Su andou pela casa toda, tentando desesperadamente acordar-se. Ocorreu afinal a idéia de pedir ajuda à mãe. Esta, envolvida pelos vapores da cozinha, mostrou-se compreensiva. Está bem, Su. Espere só um instantinho que eu vou lá no quarto te acordar.

Silvio Fiorani


Sopa, Pipa e o AI-5 Digital
O início de 2012 foi marcado por uma guerra que eclodiu no mundo virtual, em virtude da tramitação no congresso americano dos projetos SOPA (Stop Online Piracy Act) e o PIPA (Protect Intellectual Property Act), esses projetos mudariam totalmente a internet como conhecemos hoje. Em paralelo algumas providências foram tomadas pelo FBI como a prisão de Kim Schmitz, criador do Megaupload, programa para baixar arquivos na internet. Há boato na internet que o Megaupload iria difundir uma campanha junto a artistas renomados em prol de uma difusão de cultura mais justa, por esse motivo ele teria sido preso, mas nada confirmado.
Diante dessas questões alguns sites fizeram uma espécie de protesto na internet, deixando seus sites fora do ar por um dia no intuito de se rebelar contra esses projetos, grandes sites como: Google, Wikipedia, Word Press, etc. Diante do protesto, o projeto foi adiado, mas ainda continuam vivos no congresso, esperando um “cochilo” para serem votados.
A anonymous, grupo revolucionário de hackers fez inúmeras ações de represália ao projeto e a prisão do criador do Megaupload, questionando algo que a internet sempre se propôs: dar liberdade a todos, acima de tudo, compartilhar conteúdo e disseminar informações com maior agilidade.
No Brasil, existe há certo tempo um projeto de lei parecido, denominado o AI-5 Digital, em analogia ao ato institucional nº 5 que oficializou a ditadura no Brasil. Esse projeto do excelentíssimo ex-governador de Minas, Eduardo Azeredo, tem o mesmo intuito do projeto americano, restringir o uso da grande rede. O projeto tupiniquim ainda não saiu do papel, mas é necessário ficarmos em alerta.
Esses projetos citados acima tem um só intuito, beneficiar as grandes corporações que sempre viveram da disseminação de conteúdo cultural, que controlam a cultura no mundo, como a Universal, Warner Bros, Disney e outras. A partir do momento que a internet deu oportunidade para disseminar o conteúdo produzido por elas, gratuitamente, as empresas começaram a sentir no bolso os prejuízos, o dinheiro começou a correr pelo ralo, e ai entra as manipulações políticas em prol da retomada desse prejuízo.
O que isso significa? Puro jogo de interesse, uma nova ditadura, marcado para beneficiar apenas as grandes corporações, que contam com apoio político e das grandes veiculadoras de informação. Haja vista, como as notícias são dadas pelos meios de comunicação massiva em seus telejornais. Exemplo, acompanhando o Jornal Nacional no sábado, dia 21 passado, e uma das matérias do jornal era: Veja os prejuízos de comprar um produto pirateado. Matéria tendenciosa ou não?
As grandes corporações tem que entender que o mundo mudou, a maneira de produzir cultura mudou, não podemos aceitar essa imposição provocada para beneficiar apenas os figurões da cultura. As corporações tem que ter consciência e articular novas maneiras de se produzir cultura. Não jogar suas pedras e culpar a pirataria por seus prejuízos, ao invés de cobrar preços justos à arte que são distribuídas pelas mesmas.
A partir disso, temos que tomar cuidado, principalmente aqui no Brasil com o projeto AI-5 Digital, reiterando, formulada pelo Senador Eduardo Azeredo, guarde esse nome para as próximas eleições. Vamos ficar ligados, pois esses projetos são uma afronta à democracia digital que conquistamos com muito custo, depois de séculos de repressão.