quarta-feira, 27 de março de 2013



segunda-feira, 25 de março de 2013

Chora Pietá


Chora Pietá
O seu Cristo não resiste mais
As chagas de tiro calibre 38 perfuraram seu corpo
Que não suportam como lanças romanas
Atravessadas pelo ódio         
O seu corpo mistura a chuva, sangue e barro
O mesmo barro que ele veio um dia
Te suja a pele ressacada
E mistura as lagrimas de Pietá
As chibatas de uma divida
Ainda são evidentes em seu corpo convalescido

Chora Pietá
Pois seu Cristo não resiste mais
E no terceiro dia ele não ressuscitará
Fecham as cortinas
O poste da rua está com a luz fraca da latrina
Chora Pietá.
E os noticiários argumentarão:
- A polícia acredita que a motivação para o crime seja dívida de drogas.

Torre de Babel


Os rostos se misturam aos restos
De comida, de lixo, de dinheiro,
De polícia, de pessoas.
Os rostos se diluem no concreto
Os sinos já não tocam mais
São sobrepostos pelo rugido
Do monstro de concreto
Hospedado na selva de pedra
Esse mar de gente miscigenado
Uma multidão de descontentes
Mas há os contentes também
Vitrines iluminadas decoram
E satisfazem as almas
Os olhos de babilônia vigiam seus gados
Um toten central e os arranhas céus
Convergem as pessoas na manhã
Divergem os corpos cansados a noite
Feito zumbis
Dependurados em caixas ambulantes
Ou remoídos em uma minhoca de metal
Ou talvez nos carros de passeios.

 Antonio Benvindo

O grande monstro rodoviário


Uma carreta desgovernada
Desce sem freio a rodovia
Como se fosse um estrondo
Como há muitos não ouvia
Os sonhos ficaram no ferro retorcido
Como animais domesticados pouco se deram
conta do grunhido
Rodas, pneus, latas.
Tudo que se vê, não se retrata.
Pelo noticiário profetizavam:
Até a próxima tragédia!