terça-feira, 25 de outubro de 2011

A publicidade e a beleza mercantil

Conforme Ortiz (2005), inúmeros universos simbólicos ordenam a história dos homens. Podemos, com isso, afirmar que a publicidade é um universo simbólico, "uma memória que é partilhada pelos indivíduos que compõem a coletividade" (ORTIZ, 2005, p.135).

As imagens possuem função epistêmica, função simbólica, que dá acesso a um significado e a uma estética, produzindo assim, sensações e emoções no espectador, que reconhece um signo "veiculado pela escola e pela mídia, sem conhecê-lo propriamente" (ORTIZ, 2006, p. 187).

Hoje o ideal a ser seguido é o do corpo (magro e malhado, barriga "seca", coxas definidas e duras e seios firmes) apresentado e consolidado pela publicidade através das inúmeras ferramentas da mídia. As normas estéticas fizeram da mulher uma "escrava" da beleza, assim os produtos de beleza fornecem a solução para um corpo fragmentado, propiciando elementos para inspirar um tipo de "mulher ornamental" (FREYRE, 1986, p.43).

O século XXI traz a obsessão por ser magra, por ter um corpo musculoso, perfeito, isento de qualquer descuido ou preguiça. A mulher deve ter um corpo plasticamente perfeito, à prova de velhice, um corpo que se torne, cada vez mais, um objeto de design. Assim, submete a mulher a uma ditadura consumista, cujo intuito, por vezes instiga as angústias do tempo ou mesmo ressaltando a mulher de maneira superficial e estereotipada.

A publicidade "dita" a sociedade de consumo, a beleza é mercantil, e o exemplo a ser seguido está nas representações das propagandas bombardeadas por todos os lados, através de produtos de beleza e saúde. Seguir esses padrões pode ser perigoso e até geram constrangimentos, como os inúmeros casos de anorexia ocorridos com modelos, sem contar os casos de preconceito gerados por essa exigência de um corpo esbelto e dentro de um padrão publicitário.

Segundo Lipovestsky a publicidade pode ser uma máquina destruidora das diferenças individuais e étnicas, poder de uniformização e de conformismo, instrumento de sujeição das mulheres às normas da aparência e da sedução, de todos os lados jorram críticas contra a publicidade na superfície leviana, impõe a supremacia dos cânones estéticos ocidentais.

O ser humano é o centro de si mesmo?

Desde o período em que viveu Socrátes até hoje, este é um questionamento constante que nos remete várias implicações. A partir do momento que o místico se separou da razão, por anos essa foi a linha de pensamento dos filósofos, até o momento da crise da razão o homem passou a ser o objeto de estudos, em virtude dos seus valores adquiridos e suas experiências vividas ele se tornou o centro de si.

Durante longos anos o homem dava explicação sobrenatural, a tudo aquilo que ele próprio não conseguia explicar, era o período místico. Com a difusão deste pensamento aos poucos foi surgindo a razão, da qual respondia a essas mesmas perguntas de forma racional, ao lado da razão outro pensamento forte o positivismo e o marxismo que vieram juntos com a economia e sociologia, estas linhas de pensamento, não tinha o homem como ser existente, mas como abstração, reduzido ao conhecimento objetivo, a existência, para Kierkegaard é "permeado de contradições que a razão é incapaz de solucionar", com esses pensamentos é que surge a nova linha de pensamento na qual o homem está acima de tudo.

A partir de um certo momento na história a razão é questionada, e criticada , o homem é obrigatoriamente estudado como o centro de si mesmo, ou seja, todas as explicações até sobrenaturais elas são explicadas através do próprio homem. "O conhecimento não passa de interpretação, de atribuição de sentidos, sem jamais ser uma explicação da realidade", disse Nietzsche explicando a alteração do papel da filosofia. Segundo o autor, as explicações são dadas através dos valores que cada ser humano adquire durante o percurso de sua vida.

Hoje se volta novamente há um período distante de nossa história, muito se procura acabar com a religião que é hoje o fator mítico, como tudo na vida um papel bom e um ruim. O bom é que consegue controlar muitos problemas, como uma violência maior, em virtude das pessoas acreditarem em serem julgados por um ser divino no futuro. O lado ruim é acreditar que por causa do capitalismo diferenciado, as religiões se tornaram fonte de renda para muitos aproveitadores. As pessoas volta e meia estão indo atrás na história e buscando explicações para os mistérios que não conseguem decifrar. Isso parte do pressuposto que não conseguimos encontrar explicações plausíveis aos mistérios que nos circundam.


 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A filosofia é filha da cidade

A partir do momento que a razão começou a se difundir na história da humanidade, alguns fatores foram preponderantes para que a "faísca" da filosofia emergisse, entre elas: a invenção da escrita, da moeda e da cidade.
Os fenícios influenciam o ressurgimento da escrita que existia no período da Grécia micênica, ela agora assumia o papel separado das preocupações religiosas escribas. Como os valores religiosos eram inquestionáveis, os escritos passam a ter uma disponibilidade maior sendo divulgados em praça pública, assim sujeito a discussão e a crítica. A escrita então gera uma nova mentalidade, pois exige de quem escreve uma postura diferenciada de quem apenas fala, necessitando uma maior clareza e rigor.
O surgimento da moeda por volta do século VII a.c, também foi outro fator de peso para o desenvolvimento da filosofia, pois com a mesma os produtos passam a ter valor de troca, transformando-se em mercadoria, revertendo seus benefícios para a própria comunidade. Esse efeito de democratização de um valor, acaba remetendo a moeda a sobrepor aso símbolos sagrados e afetivos o caráter racional de sua concepção. Essa convenção humana, dava medida comum a valores diferentes vinculando o nascimento do pensamento racional crítico.
Outro fator importante foi o nascimento da pólis. Com o surgimento da lei escrita de uma dimensão mais humana desvinculada da interpretação da vontade divina ou de acordo com as mazelas dos reis, é difundida uma sociedade que não tem mais a organização tribal, expressando o ideal de igualdade preparando a democracia que estava surgindo.
As cidades trazem a autonomia da palavra, sem a mágica mitíca, e sim com o conflito, a discussão, argumentação humana, esses debates fazem nascer a política, permitindo ao homem tecer seu destino na esfera pública. Sendo assim, surge o cidadão da pólis figura inexistente até aquele momento da história.
Esse rompimento com as doutrinas mitícas inquestionáveis, a dessacralização com o sagrado, fizeram surgir a filosofia. A partir desse momento a filosofia surgiu, dando um caráter mais humano a todos os fatores, questionando o que era fixo, rejeitando o sobrenatural e interferências mitícas na explicação dos fenômenos.