sábado, 19 de maio de 2012

Devaneios de Túlio (Parte II)


Você não consegue se manter calado. Qualquer comentário feito ao alcance de seus ouvidos tem de ser complementado. Ou retrucado. Você é capaz de permear vários assuntos, desde os sugeridos em uma lanchonete aos do filme do Godard. Você é doente.
SÍNDROME DA EJACULAÇÃO VERBORRÁGICA PRECOCE.

Mais de 70% da população mundial é acometida por esse transtorno. Os outro indivíduos ou são mudos, ou você não dá valor o suficiente pra dar ouvido ao que eles falam.
Eu. Você. Sua mãe. Sua mãe. E até mesmo aquela adolescente de seios duros como diamante e pontiagudos, como a agulha de uma bússola que aponta para o paraíso. Nenhum de nós consegue manter a língua por detrás dos dentes. Uma frase alheia e pronto: você tem que falar, você tem que se exprimir, sua garganta não contém as letras em ebulição.

Então, numa torrente de gozos silábicos e prazeres verbais, as palavras surgem.

E, normalmente, você fala besteira.
Diz o que não sabe. Inventa, mente e cria estripulias. Faz papel de bobo. Retardado. Digno de dó. Doente.

O que mais, acadêmica e clinicamente, é sabido sobre tal transtorno? Eu não sei.
Eu não sei de nada. Assim como você. Eu apenas fiz o que fiz. Passeei de modo raso pelo tema.

Todas as manhãs, masturbo um pouco minhas cordas vocais cantarolando alguma música do Wando. Me ajuda a aliviar o tesão em verbalizar à todo momento. O que você pode fazer, eu não sei. Não me importo. Esse texto é só pra dizer. E diz.



Tulio Pareja

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