quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sarney, o nosso Mubarak

Sarney foi reeleito presidente do senado, escolhido em votação secreta no Plenário, logo após a cerimônia de posse dos 34 novos eleitos e os 17 que foram reeleitos no senado. Sarney ocupará o cargo pela 4ª vez, com 80 anos, o senador do PMDB afirmou em entrevista a Revista Carta Capital: "Sem dúvida, é o meu último mandato, não concorrei mais".

Analisando o que acontece com nossa política interna, como a reeleição de Sarney ao senado e própria presidência, verifico como há inúmeros remanescentes de uma política ultrapassada. Sarney é um resto de "coronelismo" que perdura em nosso cotidiano, é uma "doença" política que insiste em nos seguir. A Ditadura acabou, mas o coronelismo não.

Sarney foi reeleito presidente do senado, graças as manipulações políticas e trocas de favores entre partidos, para se ter uma ideia dos 81 votos, apenas 8 foram para Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) que era o único concorrente de Sarney, 2 votos brancos e 1 nulo, o restante foi para o excelentíssimo senador.

Vou usar uma palavra da minha professora Cássia Torres, "Preguiça", este é meu sentimento em relação a política brasileira. Uma política que faz acordos visando o benefício próprio dos políticos, com suas trocas de favores, me faz lembrar a Lei Satânica de Hobbes: "o Estado cria leis para beneficiar o próprio Estado". Assim é nossa política local, atrasada que ainda guarda resquícios de um período colonial, do coronelismo e das capitanias hereditárias.

Trago a tona este tema, pelo seguinte mérito, o Presidente do Senado é crucial em nosso cenário político, cabe a ele:

- Dirigir a mesa diretora do Senado e definir a "ordem do dia" das sessões deliberativas;
- É o presidente do Senado quem convoca e preside as sessões do Congresso que reúnem os 513 deputados e os 81 senadores;
- Preside sessões, como a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), do Orçamento Geral da União e da análise de vetos presidenciais.

Por esta razão, sinto falta no brasileiro do ímpeto que vejo nos dias atuais no Egito. Mas continuamos com a inércia do país do carnaval e do futebol, que aceita de "boca fechada" (com raras exceções) qualquer decisão tomada por nossos governantes.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A Mercantilização da arte

A indústria cultural foi o termo enfatizado por dois pensadores alemãos, Theodor Adorno e Max Horkheimer, no período conhecido como Escola de Frankfurt ou Teoria Crítica. Segundo os autores, após a Revolução Industrial ocorrida no final do século XIX e início do século XX, os meios de produção em larga escala, o desenvolvimento da imprensa e dos meios de comunicação mais abrangentes como jornal, rádio e cinema; alteraram bruscamente a vida dos indivíduos.


A arte deixou de ser produto de inspiração e se tornou atividade mercantil, a burguesia era a nova classe emergente e detentora dos maiores meios de comunicação e utilizava da indústria cultural para impor seus ideias, tendo em vista que esta cultura estava intrisecamente ligada ao modo capitalista e financeiro, ou seja, quem patrocinava a cultura era (e ainda é) a classe emergente (hoje burguesia), sobrepondo assim à cultura popular.


As afirmações acima foram inseridas para discutir a seguinte questão: até os dias atuais reflete estes pensamentos debatidos pelos pensadores alemães, haja vista a produção fonográfica atual, ou cinema e os rádios. Vendem produtos pasteurizados por um mundo globalizado, com um fim de lucratividade e não com intenção de transmitir mensagens críticas.


Parem e reflitam um pouco, que música atual veiculada pelos grandes meios de comunicação de
massa te intriga? Gera alguma discussão ou te faz reflitir sobre o mundo atual? Reparem nos programas (salvo raras exceções), eles algum dia te fizeram questionar o sistema político ou social? Se fizeram, tinham algum fim partidário, com certeza.


No cinema, verifique a maioria dos filmes (principalmente hollywoodianos), os Estados Unidos sempre salva o mundo, os terroristas são muçulmanos e o filme encerra satisfazendo o desejo do receptor, acostumado ao final feliz. É claro, que há inúmeras exceções e cabe ao receptor ter condições de filtrar todas as questões. Mas imaginem uma população desinformada e com pouca cultura que desenvolve suas opiniões através de novelas, filmes, jornais "enlatados" e programas.

A comunicação e a publicidade contribuem para formar cidadãos cada vez mais atrelados ao pensamento "burguês", dentro do pensamento iluminista que somos livres e iguais para consumir seus produtos. Volto a ressaltar ADORNO (1947): " A indústria cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais".


ENTÃO VIVA A CULTURA POPULAR!


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: ADORNO, Theodor. HORKHEIMER, Max. A dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1946.

No quintal de Mariana

No Natal, conheci uma parte de Mariana que desconhecia. Conheci uma favela, parece estranho não é? Mas na época de colégio quando fazemos aquelas visitas com os quais os professores nos mostram a beleza dos casarões históricos e das igrejas do período de colonização, eles nunca me levaram na parte que continua a escravizar sua população.
Passei alguns dias na periferia, as ruas são estreitas (como toda a cidade de Mariana), mas o que chama a atenção é o número de pessoas negras dentro do local, talvez ai uma marca histórica. Os escravos ganharam a liberdade mas foram jogados para as redondezas da cidade, e ali se estabeleceram.

Outro fato interessante é que a polícia fica na entrada do bairro o dia inteiro, e faz rondas de hora em hora pelo local. Não quero ser pessimista, mas vai outro questionamento: Será que não é pra manter a ordem da cidade e não espantar de lá os turistas? Manter a ordem e esconder do povo a verdade que ninguém conhece, que a escravidão mudou de face e segue impunimente.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Brasil com P

Pesquisa publicada prova,
Preferencialmente preto, pobre, prostituta pra polícia prender
Pare, pense, por quê?
Prossigo
Pelas periferias praticam perversidades parceiros, PM's
Pelos palanques políticos prometem prometem
Pura palhaçada
Proveito próprio, praias programas piscinas palmas
Pra periferia: Pânico pólvora pa pa pa...
Primeira página
Preço pago: Pescoço, peitos, pulmões, perfurados.
Parece pouco...

Pedro Paulo
Profissão Pedreiro
Passatempo predileto, pandeiro, pandeiro parceiro
Preso portando pó, passou pelos piores pesadelos
Presídios porões problemas pessoais,
Psicológicos, perdeu parceiros, passado, presente
Pais, parentes, principais pertences.

PC
Político privilegiado preso parecia piada
Pagou propina pro plantão policial
Passou pela porta principal
Posso parecer psicopata
Pivô pra perseguição
Prevejo populares portando pistolas
Pronunciando palavrões
Promotores públicos pedindo prisões
Pecado!
Pena prisão perpétua
Palavras pronunciadas pelo Poeta periferia...

Este é o trecho da música, Brasil com P, do rapper GOG, considerado pelo público do Rap como o Poeta, isto é apenas uma demonstração de que realmente ele é um poeta. Salve GOG!

Música do CD, Cartão Postal Bomba de 2009, gravado ao vivo com participação de nada mais que Maria Rita.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

1º Observatório de Cultura em Neves

Foi no sábado chuvoso do dia 15 de janeiro de 2011, que cerca de 20 pessoas das mais diversas áreas, se reuniram para debater a Cultura em nossa cidade, bem como as formas de inserir a mesma no nosso dia a dia. Cientes desta necessidade o encontro correu um risco até de não acontecer, em virtude do tempo ruim, mas graças a vontade maior de todos os amantes da arte e de Neves, o encontro fluiu muito bem.
Passava das 16 horas e aos poucos foram chegando os integrantes do observatório de cultura, cada um ao seu jeito, de carro ou a pé, teve gente que saiu de muito longe. Cada um com sua ideologia estampada nas camisas ou mesmo no diálogo.

Era 19 horas e os temas que deveríamos debater não terminavam, haja visto o tema amplo em nossa pauta, mas o que de sucinto ficou decidido:

- Faremos encontros mensais, sempre no fim de cada mês;

- Seremos um grupo de trocas, cada qual contribuindo com a ação do outro, tendo em vista que cada um tem seu próprio projeto;

Quem produz arte, ama a Cultura ou apenas quer que nossa cidade mude o status de cidade dormitório, cadastre-se no blog e participe das próximas reuniões:


http://www.coletivosemifusa.blogspot.com/

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Vem aí, mais um BBB

Todo ano que inicia, traz consigo na programação da Rede Globo de TV um Big Brother Brasil, aproveitando a ociosidade dos programas habituais. Esta é a 11ª Edição do programa e a fórmula pasteurizada de todos os reality's show's, algumas pessoas enclausuradas dentro de uma casa e quem ficar até o final ganha o grande prêmio.

Estava verificando os participantes deste ano e como os anos anteriores as pessoas seguem o padrão do culto ao corpo e pouca inteligência, escolhidas a dedo pelos expert's em comportamento humano, pessoas bem heterogêneas para causar as brigas que alavancam a audiência do reality show.

O intuito das pessoas dentro da casa é provocar no telespectador um carisma por ele, geralmente esse carisma acompanhado de um belo corpo é a fórmula pronta pra ganhar o prêmio.

Assim como todo ano, os BBB's que não ganharem prêmio se tornarão celebridades efêmeras, posarão para revistas, serão convidados para festas diversas, se elegerão em alguma eleição ou até consigam um trabalho na poderosa Rede Globo.

O fato que em 10 anos deste programa não acrescentou em nada para a cultura brasileira, não foi formado lá nenhum Chico Buarque ou Miltom Nascimento, nem mesmo um novo Carlos Drummond. Apenas quem ganha é os participantes e a própria Globo, que utiliza o programa para sair do vermelho, através de inúmeros "merchandising" e ligações das pessoas que se dispõe a perder seu tempo ligando para votar em alguém.

Inutilidade pública, bem característica da TV brasileira que há anos vem entulhando lixo nos telespectadores, na maioria passivos de uma alienação subliminar que J.B. Thompson (2001) chama de "Poder simbólico". Segundo Thompson, "o poder simbólico transita entre as pessoas de diferentes esferas sociais indicando opiniões e modelos políticos", assim nos tornam cada vez mais ignorantes e sem opinião própria.

A partir daí lhes dou uma dica, desinterrando uma antiga propaganda da MTV: DESLIGUE A TV E VAI LER UM LIVRO!

Referência bibliográfica: THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: Uma teoria social da mídia. Editora Vozes: Petropólis, 1998, p.261.

Fonte de dados: http://www.g1.com.br/


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Furto de energia

Segundo reportagem feita pelo jornal O Tempo neste último 06 de janeiro de 2011, a maior parte dos roubos de energia é feita pelos ricos e pessoas de classe média. Conforme reportagem, o gerente de Gestão e Controle de Perdas da Cemig, Luiz Renato Fraga Rios, aponta que, embora 54% dos "gatos" tenham sido detectados em áreas de baixa renda, o maior volume de energia é furtada pelos consumidores de classe média e alta que residem em casas de luxo e pelo comércio ou mesmo indústrias.

Ainda conforme reportagem, 63% das irregularidades foram registradas no vetor Norte de Belo Horizonte, que compreende Venda Nova, Norte, Nordeste e Pampulha. "A cada dez inspeções, são encontradas sete irregularidades, segundo Rios. A Cemig considera o quadro crítico e promete aumentar a fiscalização. A empresa desenvolveu um mapa de diagnóstico e conta com softwares especializados para fazerem este rastreamento.

Embora as taxas da Cemig em Minas Gerais ainda sejam abusivas, ninguém está certo nesta história. Tanto os "gatos" quanto os ratos ricos estão furtando energia. Adivinham quem vai pagar o "pato" no final da história? Não serão as empresas nem os ricos disso não dúvido.

Fonte: Jornal O Tempo, dia 06 de janeiro de 2011, Caderno Cidades, p.32.